30 de ago. de 2009

Mercado imobiliário volta-se para dois dormitórios

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC

Depois dos lançamentos imobiliários de alto padrão, com três e quatro dormitórios, o mercado volta novamente os olhos para os empreendimentos de dois dormitórios.

Pesquisa realizada pelo Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário de São Paulo) aponta que, das vendas acumuladas no primeiro semestre deste ano (total de 14,4 mil unidades), 39,3% foram resultado da comercialização dos imóveis com dois dormitórios - os empreendimentos de três quartos participaram com uma fatia de 31,1%.

O economista-chefe e diretor executivo da instituição, Celso Petrucci, explica que os fatores que justificam o novo cenário têm relação com a crise global.

Entre 2007 e 2008, houve um boom imobiliário, resultado da ampliação do prazo de financiamento. "As construtoras, por sua vez, investiram nos imóveis de alto padrão. É só olharmos para a Região Metropolitana de São Paulo", exemplifica.

Com o impacto das turbulências financeiras (em meados de outubro do ano passado), as vendas desses empreendimentos ficaram freadas em virtude do alto custo para as empresas e do valor de venda, o que desaqueceu esse mercado. "Mesmo assim, nunca deixamos de vender residências com dois quartos", conta Celso Petrucci.

Com a situação econômica mais fraca, o governo federal, a fim de não deixar a construção civil parar de crescer, lançou o programa Minha Casa, Minha Vida em março deste ano. A iniciativa visa oferecer moradia para pessoas com renda mensal de até 10 salários-mínimos. "Esse fator fez com que as empresas focassem novamente nos imóveis menores. Agora, 2009 é o ano do ‘dois dormitórios''", ilustra o economista do Secovi-SP.

No Grande ABC, desde a inauguração do programa habitacional até o momento, 1.600 unidades já foram aprovadas entre as cidades de São Bernardo, Diadema e Santo André, principalmente, segundo o gerente regional de negócios da construção civil da Caixa Econômica Federal, Leomar Antonuci. Algumas unidades, inclusive, já tiveram suas obras iniciadas e estão na fase de contratação por parte do mutuário.

Ao todo, ainda estão em análise 35 empreendimentos, num total de 3.900 unidades, voltadas para pessoas com faixa de renda entre três e 10 salários-mínimos.

Antonuci explica que, em virtude do anúncio do Minha Casa as construtoras apostam em imóveis cuja faixa de venda varia entre R$ 95 mil e R$ 100 mil. "Todas as unidades que estão sendo aprovadas dentro do programa têm dois dormitórios. É uma característica", acrescenta.

O presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci, explica que, mesmo com as facilidades para financiar a casa própria entre todas as classes sociais era preciso um incentivo como o que foi dado pelo governo federal - oportunidade que está sendo aproveitada neste momento.

Mesmo não havendo um comparativo, apenas no primeiro semestre deste ano, foi computada a venda de 774 unidades de dois dormitórios entre São Bernardo, São Caetano e Santo André, de acordo com o estudo da associação.

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