15 de set. de 2009

Indústria de SP ensaia recuperação e emprego se estabiliza em agosto

SÃO PAULO - Depois de dez meses de demissões, a indústria paulista registrou em agosto estabilidade no nível de emprego. Em números absolutos, foram abertos 1,5 mil postos de trabalho, o que representa alta de 0,07% em relação a julho, mas baixa de 0,04% em termos ajustados. Ainda que pareça pouco, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avalia que o feito merece comemoração.

Sobretudo pelo fato de a maioria dos setores industriais estabelecidos no estado ter ampliado seus quadros. Excluindo as baixas do setor sucroalcooleiro, que demitiu 2.896 pessoas no mês, o nível de emprego teria crescido 0,21%, com 4.396 postos criados.

Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da entidade, acredita que, de setembro a dezembro, o indicador deve retomar trajetória de alta, mesmo que modesta. Não será o caso de compensar completamente a baixa acumulada de 2,51% de janeiro a agosto deste ano, mas será uma recuperação.

Para suplantar o recuo no ano, a indústria de transformação paulista teria de aumentar seus quadros em mais 0,5% ao mês até dezembro, o que é pouco provável, segundo Francini. "Talvez cresça 0,5% em um mês, e menos do que isso em outro. Na sequência seria difícil", diz.

Mais relevante que a estabilidade apurada em agosto, a entidade destaca que a abertura de vagas se deu em 13 dos 22 setores pesquisados, fato que não era notado desde setembro de 2008, quando a crise teve início. Isso significa que as contratações estão disseminadas.

Na indústria de veículos automotores, onde o nível de emprego não subia há 11 meses, houve expansão de 0,3%, com 666 contratações no mês de agosto. Papel e Celulose também teve avanço de 0,5% e o setor de Produtos Diversos, que inclui indústrias de brinquedos e de óculos, entre outras, registrou alta de 1,7%, possivelmente influenciado pela produção voltada ao Dia das Crianças.

Mesmo assim, o setor de máquinas e equipamentos ainda apontou baixa de 0,2% no nível de emprego, com fechamento de 306 vagas. Em metalurgia houve queda de 0,1% no período. No setor sucroalcooleiro as baixas são sazonais e a colheita foi atrasada por conta das chuvas de agosto.

Além disso, conforme aumenta a mecanização das lavouras de cana-de-açúcar, maiores ficam as dispensas no setor. "Para cada máquina adquirida elimina-se 100 empregos", calcula Francini.

Na análise regional, as contratações tiveram alta mais relevante em Diadema, de 1,40%, devido principalmente às contratações da indústria de máquinas e equipamentos, de 5,03%. A evolução é pontual, de uma fábrica de válvulas para fogão, e está relacionada ao reaquecimento do comércio de linha branca, após redução do IPI.

Em Santa Bárbara D'Oeste, onde o emprego também cresceu 1,4%, destaque para a abertura de vagas no setor de vestuário (6,89%) e também borracha e plástico (4,91%) puxado especialmente por fábricas de pneus, que aumentaram a produção para atender a expansão da indústria automotiva.

Sensor

Outra boa notícia apresentada hoje pela Fiesp foi a recuperação do Sensor na primeira quinzena de setembro. O indicador, que procura antecipar as condições da indústria nacional no mês corrente, atingiu 56,5 pontos, maior patamar desde abril de 2008 e mostrou tom positivo nos cinco quesitos avaliados pela primeira vez desde junho do ano passado.

Destaque para a avaliação sobre investimentos, que alcançou 54,5 pontos, melhor nível em um ano. Até mesmo o índice referente aos estoques, que não se mostravam adequados desde junho do ano passado, alcançou 52,7 pontos. Lembrando que apenas pontuações acima de 50 são consideradas positivas e/ou adequadas.

(Bianca Ribeiro | Valor Online)

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