5 de ago. de 2009

Galpões industriais em xeque

A necessida de se atualizar a estrutura dos galpões industriais do ABCD

Os sete municípios do ABCD somam área de 825 km² onde milhares de galpões remanescentes do auge da industrialização padecem por falta de atenção. Como as mudanças econômicas produzem transformações urbanas profundas, gestores públicos e representantes da livre iniciativa precisam pensar na renovação desses espaços para fomentar novas oportunidades econômicas. 

Até pouco tempo, a ocupação de vazios deixados pela desindustrialização incluía principalmente a instalação de centros de distribuição do varejo. Não demorou para atraírem a expansão de grandes empreendimentos residenciais e ocupação pelo mercado de eventos. Mas, o que os empreendedores querem hoje é o conhecido conceito build-to-suit. Espaços construídos sob medida às necessidades do negócio. 

É aí que o ABCD perde em competitividade. Os galpões que oferecemos são antigos e não dispõem de estrutura para abrigar novos modelos produtivos. Nossos galpões se caracterizam por critérios técnicos obsoletos e a demanda é por espaços inteligentes, sustentáveis e que gerem economia para o negócio. 

Mas essa carência de modernidade já deslocou o foco de investidores imobiliários com tradição nos segmentos residenciais e comerciais para a construção de galpões industriais com vida útil plantada no futuro. Caso da construtora M.Bigucci que está construindo condomínio industrial em Diadema, no Bairro Piraporinha. Até mesmo investidores estrangeiros têm esticado os olhos para o mercado de galpões industriais da Região. Como a boa oferta de espaços se contrapõe ao padrão dos imóveis, investir nessa área se tornou excelente negócio. 

Uma das exigências é a altura do pé-direito de no mínimo 12 metros. Até a década de 1990 a especificação predominante era de seis metros; resistência no piso nivelado a laser; configuração cross docking, com docas nas laterais; escritórios centrais climatizados junto à área operacional; otimização da iluminação natural; e uso de telhas termoacústicas e zipadas, para se evitar goteiras. 
A escolha da localização também foi modernizada. A preferência não é mais por conglomerados industriais, mas por margens de artérias de escoamento. Dados do Ministério dos Transportes dão conta de que 58% do escoamento de cargas se dão por meio das rodovias – ante 25% do modal ferroviário, 13% aquaviário e 4% divididos entre dutoviário e aéreo. 

Além de indústrias limpas e centros de distribuição, os galpões podem dar lugar a empreendimentos do varejo. Um shopping center não precisa estar instalado em um centro comercial. Pode perfeitamente aproveitar as oportunidades estruturadas em função da indústria, mas que servem de grandes eixos de acessibilidade da metrópole. 

O Consórcio Intermunicipal bem poderia criar um Grupo Temático dedicado a planejar o destino dos galpões industriais do ABCD como meio de atrair para a Região empreendedores da construção civil e posteriormente investidores de diversos segmentos econômicos. Qualquer movimento nesse sentido fomentará geração de emprego e renda além de resgatar interesse do meio produtivo para a Região.

FONTE: Joel Fonseca é ex-vice-prefeito e ex-secretário de Desenvolvimento Econônico de Diadema.

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