28 de jan. de 2009

A arte religiosa de Anita Malfatti


 Anita Malfati, O farol

O Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura, abriu no dia 25 de janeiro a exposição “A Arte Sacra de Anita Malfatti”. A mostra reúne 23 obras da artista, um dos grandes nomes das artes plásticas no Brasil e participante da Semana de Arte Moderna de 1922.

A curadoria da exposição, que deve ficar em cartaz até o final de maio, leva a assinatura de Di Bonetti, fotógrafa oficial das obras de Anita Malfatti há seis anos. O trabalho foi realizado com apoio e pesquisa de Stella de Mendonça, restauradora oficial das obras da modernista. Para Stella, a exposição tem como objetivos centrais apresentar o lado religioso da artista e derrubar mitos sobre sua personalidade. “Os quadros trazem uma suavidade e uma leveza distantes do espírito conturbado que costuma ser associado a Anita”, comenta a restauradora.

A exposição passa por fases de toda a carreira da pintora. Entre as obras, reunidas a partir de diversas coleções e acervos, há desde a cópia de uma imagem do Cristo de Tiziano – produzida na década de 1910 no Museu de Dresden, Alemanha – até Cristo nas Ondas, quadro iniciado na década de 60 e deixado inacabado.

Uma das peças centrais é São Paulo Apóstolo (1955), imagem que retrata o santo como padroeiro da cidade. Outra obra de destaque é Deixai vir a mim as criancinhas, feita em carvão sobre papel – Anita fez essa imagem para a Semana de Arte Moderna de 1922, mas acabou por expor O Cristo em seu lugar.

Há também uma cópia do quadro La Belle Jardinière, de Rafael, feita no Museu do Louvre. A artista trouxe à imagem suas referências modernistas, criando nova leitura de uma obra clássica.

Do acervo do Museu de Arte Sacra vem A Ressurreição de Lázaro, quadro que Anita fez em 1928 para o pensionato artístico que possibilitou sua segunda ida à Europa. A obra será apresentada ao lado de um estudo, datado de 1924. A exposição também contará com três obras que representam as festas de São João, uma das comemorações favoritas da artista.


Anita e a Arte Moderna: de fora para dentro do Brasil

Nascida em São Paulo, Anita Malfatti (1889-1964) entrou em contato com artistas modernistas pela primeira vez quando estudou em Berlim, entre 1910 e 1914. De volta ao Brasil, organizou a que é considerada a primeira exposição de Arte Moderna do país. Em 1915, estudou na Independent School of Arts em Nova York, onde conheceu artistas como Marcel Duchamp e Isadora Duncan.

Em 1917, em São Paulo, Anita promoveu nova exposição, com o apoio de Di Cavalcanti. Apesar de receber críticas positivas, a mostra perdeu público após a publicação de um a análise negativa assinada por Monteiro Lobato. Diversos artistas uniram-se em defesa de Anita, dando início a um movimento para divulgar o modernismo. Associando-se a Mario e Oswald de Andrade, Menotti Del Pichia, Victor Brecheret, Sérgio Milliet e Heitor Villa-Lobos, entre outros, a artista plástica participou da Semana de Arte Moderna de 1922.

Em agosto de 1923, Anita voltou à Europa. Como estudante da Escola de Paris, pesquisou técnicas clássicas, retornado ao Brasil em 1928. Montou mais duas exposições, em 1929 e em 1945. Após a morte de sua mãe, Betty Malfatti, e de Mário de Andrade, mudou-se para uma chácara em Diadema, onde continuou a pintar. Anita Malfatti morreu no dia 6 de novembro de 1964.

Museu de Arte Sacra

Av. Tiradentes, 676 – Luz

Tel.: (11) 3326-1373

Terça a domingo e feriados, das 11h às 19h

R$ 4 e meia-entrada

Arte Sacra de Anita Malfati

Data: 25/1 a 31/5

Acessibilidade: Sim

Estacionamento: Gratuito

VAMOS PARTICIPAR, CULTURA É TUDO!

(DIÁRIO DE TAUBATÉ)

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