10 de out. de 2013

MORADORES DE DIADEMA LUTAM PARA PRESERVAR ÁREA VERDE NO PROMISSÃO

Em meio ao concreto, uma área verde na avenida Alberto Jafet, no Jardim Promissão, em Diadema, se destaca e resiste à ocupação urbana do bairro. Na disputa entre reduzir o saldo negativo de moradias ou preservar áreas verdes, de um lado está um grupo que defende que o espaço seja integralmente transformado em parque e, de outro, moradores que buscam a realização do sonho da casa própria. Pensando na preservação do local, a comunidade e ambientalistas organizam para esta quinta-feira (10/10), uma caminhada ecológica. A concentração será a partir das 8h, em frente à UBS Promissão (rua Prudente de Morais, 300).
 Durante a caminhada, os manifestantes sairão em marcha da UBS Promissão até a chácara, onde darão um abraço simbólico no local. “Antes da alteração, o plano diretor (da Prefeitura) previa que a área fosse um parque com uso público, mas agora estão vendendo apartamentos lá e tudo isso sem consulta popular”, explicou Virgilio Alcides de Farias, advogado ambientalista, membro do MDV (Movimento de Defesa da Vida) do ABC e presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Diadema.

Preservando - A lei complementar 273, de julho de 2008, que antes protegia a área, classificava a chácara como área especial de preservação ambiental de uso público. Porém, a lei complementar 287, de maio de 2009, mudou o zoneamento das áreas de AP 2 (Áreas de Preservação), o que inclui a chácara do Jardim Promissão, permitindo a construção no local.

“Não somos contra as casas, mas o assunto precisa ser debatido. Ainda mais em um local que já não tem verde. O que sobrou precisa ser preservado”, observou Virgílio Farias.
Em nota, a Prefeitura de Diadema explicou que a mudança na lei possibilitou a criação de áreas para construção de empreendimentos habitacionais de interesse social e que as obras são efetuadas por intermédio de associações de moradores, não fazendo, portanto, parte do plano habitacional do município.

Situação é triste, lamenta urbanista

Diante do impasse, cada vez mais frequente no ABCD, entre construção de moradias de interesse social ou preservação de áreas verdes, a professora de arquitetura e urbanismo da USP (Universidade de São Paulo), Ermínia Maricato, avalia a situação como “triste”, uma vez que as cidades têm carência nos dois setores.

“Cada caso é um caso. É ruim pensar em moradias sociais ou áreas verdes, pois precisamos de ambos e neste caso os dois sofrem derrotas”, explicou. Para ela, se a área verde não for muito significativa é possível fazer as habitações. “Podemos cortar uma árvore e plantar 10 em lugares melhores. Se plantássemos mais, nossas cidades em 15 anos seriam mais verdes”, avaliou.

 Por outro lado, a especialista defende a paralisação da ocupação das áreas de manancial. “A área de manancial é riquíssima, não apenas pela água, mas pela mata e, no entanto, atualmente está ocupada”, destacou. Para Ermínia, neste caso, o problema está na especulação imobiliária. “O absurdo aumento do preço dos imóveis torna cada vez mais difícil as pessoas mais pobres conseguirem uma casa. Isso precisa mudar”, cncluiu.

Projeto prevê construção de 250 moradias
Diante da mudança na legislação, a Associação Pró Moradia e Liberdade comprou a área e montou um projeto para construção de aproximadamente 250 unidades habitacionais para famílias com renda até três salários mínimos, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades.

 Ronaldo Lacerda, vereador do PT e ex-presidente da entidade, ressaltou que os apartamentos serão construídos em 40% do terreno e que os outros 60% se tornarão um parque público com 20 mil metros quadrados. “Fizemos um projeto que unirá os dois. Ajudará famílias que há cinco anos lutam pela casa própria e vamos abrir o espaço para a comunidade”, ressaltou.

 Atualmente o projeto habitacional segue em análise dentro da Prefeitura no setor de zoneamento ambiental. A expectativa da Associação é conseguir iniciar as obras até março de 2014. 

fonte: Claudia Mayara - ABCD MAIOR

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