27 de jun. de 2010

Grande ABC é alvo de investidores comerciais

Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC

A falta de terrenos comerciais em São Paulo e o alto preço dos espaços disponíveis têm aumentado o interesse de investidores e empresas no Grande ABC. Com salas que custam metade do preço praticado na Capital e tributação até 2% inferior, a região tornou-se nicho do desejo da maioria dos setores.

O metro quadrado comercial é vendido no Grande ABC por cerca de R$ 5.000, enquanto que na Capital, em lugares como os arredores da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e Vila Olímpia, sai, em média, por R$ 16 mil. "Temos ainda pouca oferta desse tipo de empreendimento na região. A taxa de escritórios e salas livres em São Caetano é de cerca de 1%, isso porque os investidores ainda não abriram os espaços para locação e venda. A procura é grande não só de interessados aqui, mas de gente de São Paulo, que enxerga o bom negócio, que é investir hoje na região", explica Valéria Corrêa, diretora de imobiliária na Capital, complementando que lá não há mais espaço para investimentos desse tipo.

"Quem compra uma sala na Faria Lima faz para uso próprio. A valorização já está no topo e não aumentará mais do que isso, diferentemente do que ocorre no Grande ABC."

Segundo Valéria, atualmente investir no Grande ABC tornou-se o melhor negócio não só para especialistas, mas também para pessoas que estão com dinheiro parado. "Só de comprar projeto na planta e revendê-lo no lançamento, ganha-se 50% do valor inicial. Não há lucro melhor do que este, porque aqui vendemos muito rápido."

A premissa é verdadeira. Um edifício comercial, lançado quinta-feira em São Caetano, teve 60% dos espaços vendidos apenas no primeiro dia. "Já superamos essa marca. O complicado é que, com a agilidade nas vendas, é difícil atualizar a informação", diz Valéria.

Para aproveitar a demanda que está de olho na região, mais três edifícios devem ser lançados em breve entre as cidades de São Caetano e São Bernado, as mais buscadas por empresários e investidores. "A procura por salas comerciais aumentou 30% neste ano. Nossa infraestrutura melhorou muito e em pouco tempo. Temos todos os serviços disponíveis para essas empresas com acesso rápido para Capital e Interior, o que deve aumentar ainda mais estes números", justifica João Pereira Rocha Júnior, gerente de locação de uma imobiliária da região.

Segundo Milton Bigucci, representante do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo) na região e presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), a expectativa é de que o crescimento desses empreendimentos aumente ainda mais com o término das obras do Rodoanel e da Jacú-Pêssego.

Busca por aluguel comercial cresce 45%
O aquecimento da economia nacional e a elevação da expectativa do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano - de 7%, com perspectiva de alta -, faz com que mais empresas apareçam no mercado ou se ampliem. A expansão, no entanto, esbarra na falta de oferta de espaços na Capital e torna cada dia maior o número de interessados em locar na região, que registrou no início deste ano alta em torno de 45% na procura.

De acordo com estimativas do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo), o número de escritórios e salas comerciais vagas na Capital é o menor já registrado na década.

Segundo Milton Bigucci, representante do Secovi e presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), a busca por locação tem aumentado na região baseada nisso. Como diferencial para vencer outras cidades da Região Metropolitana, o Grande ABC se destaca nos preços e na qualidade dos espaços oferecidos.

"Temos refinado esse tipo de imóvel. Acabamos de lançar prédio para locação comercial com 12 andares que será entregue em agosto, e a procura já é massiva. Existe ainda a possibilidade de locar andar inteiro apenas para uma empresa, o que chamamos de laje corporativa", conta.

Gerente de locação de uma imobiliária da região especializada no segmento, José Rocha Júnior afirma que a procura no Grande ABC aumentou significativamente, principalmente pelos valores mais baixos. De acordo com Rocha, os aluguéis corporativos na Capital giram em torno de R$ 85 o metro quadrado, enquanto na região é possível encontrar opções com valor de R$ 55. "Prevemos que a vacância (espaço livre para locação) será baixa, já que a disponibilidade atual, somada aos novos empreendimentos, não suprirá a demanda prevista", observa o profissional.

Àqueles que procuram esse tipo de edifício para locação, as vantagens vão além: a região possui uma das menores cargas tributárias, já que o ISS (Imposto Sobre Serviços) aqui gira em torno de 2% - valor mínimo previsto em lei - enquanto na Capital é de 5%. "Há redução, em média, de 2%, o que ajuda no pagamento do aluguel, além de ser de fácil acesso para os colaboradores, já que boa parte da mão de obra dos escritórios da Capital é composta por moradores daqui", ressalta Rocha.

Mais caro do mundo - Pesquisa feita pelo instituto Ibope mostra ainda que o aluguel na Capital é um dos mais altos do mundo. De acordo com o estudo, locar um espaço comercial em São Paulo custa 40% mais do que na China, outro país em plena expansão comercial.

Diretora de uma imobiliária da Capital que já investe no Grande ABC, Valéria Corrêa diz que a infraestrutura oferecida na região também sai na frente de outras cidades da Região Metropolitana. "São Caetano, por exemplo, tem o terceiro melhor PIB do Brasil, isso faz diferença. A cidade tem tudo o que se pode imaginar, e com preço acessível", afirma.

Com a demanda em alta, a estimativa do setor é de que apenas 1% dos escritórios lançados aqui ainda estejam vagos. "Prédios que estão na expectativa de lançamento e que devem se dirigir a aluguéis, já têm 40% de procura. Esse é um ótimo momento para o Grande ABC, e só deve melhorar", completa.

Procura por galpões também registra alta
A proximidade da região com o Porto de Santos e o fácil acesso ao interior do Estado também aumentam a procura por galpões comerciais no Grande ABC. A estimativa da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Adminstradoras do Grande ABC) é de que a demanda por esses espaços tenha crescido 30% nos últimos três anos. Os preços desses locais são até 40% menores do que os praticados na Capital, custando aqui em média R$ 1.500 o metro quadrado.

"O País todo anda com passo acelerado na produção industrial, e esses galpões agora estão sendo ainda mais procurados. Com a chegada do Rodoanel, temos acesso a muitos lugares, o que nos torna excelente centro de logística. Estamos no meio do caminho para qualquer lugar", afirma o presidente da entidade, Milton Bigucci.

Sócio-proprietário de uma corretora de São Paulo que já possui clientes interessados na região, Osni Roberto de Castro diz que não há mais na Capital a disponibilidade de grandes espaços para abrigar galpões, o que torna viável a migração para a região.

"As áreas na Capital estão cada vez mais restritas, menores. Então, as pessoas estão fugindo para o Grande ABC, que possui espaços maiores disponíveis. São Bernardo, São Caetano e Diadema possibilitam acesso fácil à matéria-prima", salienta Castro.

Novo espaço - Para aproveitar o bom momento na economia nacional, uma construtora da região deve lançar, nos próximos dias, espaço em Diadema para abrigar galpões comerciais

O local, que terá 36 mil metros quadrados e 25 divisões, aguarda liberação para construção há três anos. "Está tudo acertado verbalmente, falta apenas concluir a assinatura dos documentos na Prefeitura", conta Bigucci, complementando que mesmo antes do lançamento, já há procura pelos espaços.

Obs. Esse novo espaço será:  CONDOMÍNIO INDUSTRIAL M. BIGUCCI NA AV. FAGUNDES DE OLIVEIRA AO LADO DA AMBEV.

Edu

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