3 de nov. de 2009

Sem vaga, Unifesp terá mais 450 alunos

Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC

Mesmo sem iniciar as obras do campus definitivo e sem salas vagas na Instituição Florestan Fernandes, o campus Diadema da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) vai receber pelo menos mais 450 alunos no próximo ano letivo. Além dos cinco cursos já existentes, outros dois foram abertos: Ciências Ambientais e Licenciatura em Ciências.

Os calouros serão recebidos na Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalúrgica), localizada no Centro da cidade. A Unifesp informou que o espaço pertencia à iniciativa privada, foi adquirido pelo MEC (Ministério da Educação) e será readequado. Ainda, de acordo com a universidade, o prédio vai abrigar, além das salas, um laboratório de insumos farmacêuticos.

Até que o prédio permanente saia do papel, os universitários terão de se deslocar por vários endereços. No imóvel do Eldorado, onde foram recebidas as primeiras turmas de Química e Biologia, em 2007, funcionam atualmente seis laboratórios e todas as aulas práticas dos cursos. No Florestan Fernandes, cedido pela Prefeitura de Diadema via comodato, acontecem as aulas teóricas, em nove salas. Às vezes no mesmo dia, os estudantes têm que circular pelos dois endereços.

"É ruim não estudar em um campus fixo. Ficamos muito divididos. No Eldorado temos mais computadores, mas aqui na Florestan está a biblioteca. Isso dificulta as atividades", explica Juliana Correia Santos, 21 anos, aluna do 1ª ano do curso de Biologia.

Representante acadêmica dos alunos de Química, Adriana Rodrigues Silva, 20, do 3º ano, lembra que nem todo estudante tem condições de bancar o transporte. "O deslocamento é necessário principalmente para os estudantes dos primeiros anos, mas quando nos matriculamos aqui sabíamos que teríamos dificuldades."

Há um ano a falta de estrutura do campus Diadema da Unifesp motivou uma paralisação de três semanas entre os universitários. Na época, eles reivindicavam a criação de laboratórios, restaurante bandejão (inaugurado há 15 dias) e mais agilidade na construção do campus definitivo, no Sítio Morungaba, em Diadema, cujo projeto não saiu do papel por entraves ambientais. A Unifesp informou que a obra começa no primeiro semestre de 2010 e tem previsão de ser entregue em três anos.

Ministro diz que improvisos são normais

Em visita a Diadema no dia 25 de setembro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, questionado sobre as instalações provisórias da Unifesp disse que esse tipo de adequação é normal no processo de expansão das universidades federais. "Prefiro um jovem matriculado em uma universidade pública de qualidade aprendendo com professores titulados em tempo integral, ainda que haja um descompasso em relação às obras, do que ele fora da universidade, ou pagando mensalidade", afirmou.

Haddad lembrou que até na USP (Universidade de São Paulo), há dez anos, havia aulas em um barracão no campus Butantã. "Se esperar o campus ficar 100% para iniciar a aula você vai adiar a formação da primeira turma em três ou quatro anos. O Brasil não tem tempo a perder, temos metas a cumprir. Garanto que a formação que os meninos estão recebendo é a melhor do País, eles serão grandes profissionais e isso é o que importa para o País."

Ausência de laboratórios pode prejudicar carreiras

Além da frustração de saber que não vão estudar no campus definitivo, os alunos que encerram o curso no próximo ano contam que a ausência de cursos de extensão e laboratórios na área de pesquisa podem prejudicar suas carreiras. "É bom estudar aqui, mas me preocupo com o meu futuro. Quero seguir carreira acadêmica e o campus não oferece mestrado", reclama Tiago Vidal, 28, do 3º ano de Biologia.

Como o campus não possui laboratórios de pesquisa, os estudantes que precisam fazer iniciação científica têm de procurar parceiros. O transporte é por conta própria. "Passei um ano e meio indo até a Unifesp Vila Clementina para usar os laboratórios", conta Fernando Bagnariolli de Oliveira, 23, do 3º ano de Biologia.

ORIGEM
A Unifesp Diadema possui cerca de 600 alunos, a maioria vêm da Capital e do Interior. No ano passado, entre os 280 convocados na primeira chamada, apenas cinco eram moradores de Diadema.

Nenhum comentário: