11 de mai. de 2009

Cooperativas são alternativa à falência

crise econômica mundial assombra as receitas líquidas de grande parte das empresas. Há quem diga que o mercado já apresenta sinais de recuperação, mas a atual restrição de compras faz com que muitas companhias beirem a falência. Como alternativa a concordata, grandes empresas optam pela reestruturação e deixam os trabalhadores no comando.

Exemplo da concepção acontece nos Estados Unidos. Enfrentando problemas financeiros, a montadora Chrysler pode transferir 55% das ações para os trabalhadores. Além disso, a italiana Fiat ficaria com 35%, enquanto o governo dos Estados Unidos e os credores da companhia teriam, juntos, os 10% restantes.

Enquanto no Exterior a transação ainda é hipótese, o Grande ABC concentra exemplos de sucesso de ações do tipo. Há nove anos, a Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia), em Diadema, tem uma trajetória de sucesso com trabalhadores no comando.

Depois de se consolidar no mercado, a empresa fundada em São Paulo em 1954, foi transferida para Diadema em 1968, para um parque industrial no ramo de forjaria, laminação e tratamento térmico.

"Com o afastamento do fundador, as dificuldades tomaram conta da empresa, que declarou falência em 1999", explicou o atual presidente da cooperativa, João Luis Trofino.

Por iniciativa de técnicos e funcionários foram criadas quatro cooperativas de produção industrial no interior do seu parque fabril, concebidas como unidades de negócios autônomas.

"Em 2000 fundamos a cooperativa e hoje temos 546 trabalhadores, sendo 321 cooperados", enfatizou o presidente.

Em 2008, a empresa produziu 75 mil toneladas de produtos e a receita foi de R$ 244 milhões. "Já passamos por muitos altos e baixos, mas a união sempre prevaleceu. Com a crise econômica nossa produção caiu 50%, mas acreditamos na retomada do mercado", declarou Trofino.

Em Santo André, a Stilus Coop, que confecciona uniformes, roupas e acessórios, começa trilhar sua história. Fundada em dezembro de 2007, a empresa ainda conta com a ajuda da Prefeitura para ‘sobreviver''.

"Atualmente somos onze cooperadas e produzimos 4.000 peças por mês. Em seis meses precisamos nos manter sozinhas, pois acaba o convênio com a prefeitura", explicou a presidente da cooperativa, Sandra Aparecida Silvestre de Favari.

Em Diadema, a Cooperlimpa, empresa que atua reciclando materiais, está consolidada, porém, sofre com os reflexos da crise financeira. "Nossa arrecadação diminuiu nos últimos meses e essa situação deve durar ao menos seis meses", lamentou o presidente da entidade, José Lacerda Borges. "Mas acreditamos na união dos trabalhadores no comando para reverter a situação", finalizou.

No fim de abril, Diadema sediou o seminário de Formação para Gestores de Políticas Públicas em Economia Solidária, realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária. No evento, tratou-se sobre a modernização e incentivo às políticas de economia solidária.

"É importante destacar o reconhecimento de incentivos e a atenção que damos a esse tipo de economia, acreditando que este é o futuro da economia mundial", afirmou o prefeito de Diadema, Mario Reali.

Ao longo das discussões, gestores, jovens empreendedores e convidados especiais discorreram sobre a importância da economia solidária e seus próximos passos dentro do contexto mundial.

"Acredito que, assim como o muro de Berlim marcou uma nova forma de economia mundial que visava o poder do mercado, hoje vivemos a queda do muro da Wall Street, e isso significa que o governo deve se organizar para aguentar a crise, e segurar o mercado da melhor forma possível", acrescentou o prefeito.

Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC

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