2 de mai. de 2009

Cidades vizinhas elevam média de homicídios na região de Ribeirão



Nenhuma região registrou um aumento tão grande de assassinatos em São Paulo como a de Ribeirão Preto, que reúne 93 cidades e é uma das mais ricas do Estado -concentra as principais usinas e plantações de cana-de-açúcar do país. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os casos de homicídios dolosos (com intenção) nos três primeiros meses de 2009 subiram 36,7% na região -de 49 no primeiro trimestre de 2008 para 67 no mesmo período deste ano.
A região de São José do Rio Preto ficou em segundo lugar no ranking estadual do avanço da criminalidade, com aumento de 23%, passando de 26 para 32 homicídios no período.
Na região de Ribeirão, o avanço foi maior percentualmente em cidades pequenas, como Ibaté (28 mil habitantes), que neste primeiro trimestre teve quatro casos. Em todo o ano passado, foram só dois.
Dos 67 homicídios do primeiro trimestre, 61% se concentraram em dez cidades -que inclui as maiores, como Ribeirão, Franca, São Carlos e Araraquara. Entre as quatro grandes cidades, no entanto, Ribeirão e São Carlos registraram queda de homicídios.
A Folha não localizou ontem delegados para comentar os motivos do aumento, mas para José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional da Segurança Pública no governo de FHC, "não se pode atribuir o aumento da criminalidade puramente a uma questão social, como o desemprego e a crise".
Para Vicente Filho, é difícil chegar a uma conclusão sobre o aumento da criminalidade nas cidades menores. Mas afirma que o aumento generalizado dos crimes em todo o Estado tem uma provável causa: a greve da Polícia Civil, de setembro a novembro do ano passado.
O presidente da Associação dos Delegados de São Paulo, Sérgio Roque, disse que a avaliação é equivocada. Para ele, há uma série de fatores que explicam o aumento de criminalidade em pequenos municípios. Ele cita o êxodo rural, a falta de efetivo das polícias e o sistema de segurança ultrapassado -como o fato de as polícias Civil e Militar não terem um sistema de inteligência unificado.
No início do ano, o coronel Daniel Rodrigueiro, subcomandante-geral da PM, deu à Folha outra explicação para o aumento da violência na região. "Temos recebido muitos nordestinos nas plantações de cana-de-açúcar, o que altera a sistemática do interior", disse.

Menos mortes na capital
Nas 11 regiões nas quais o Estado é dividido pela secretaria, houve queda em quatro, incluindo a capital e a Grande São Paulo. A maior queda ocorreu em Presidente Prudente. "O importante agora é analisar as hipóteses para se chegar a uma conclusão [sobre o aumento]", disse Silva Filho.

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local

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