9 de ago. de 2010

Piloto de Diadema tem apetite de sobra


Suor, poeira e quilometragem de sobra na bagagem da competição off-road mais difícil do País. Amable Barrasa, da equipe Autoliner, de Diadema, será o principal representante do Grande ABC na edição deste ano do Rali dos Sertões. Ele disputa a categoria caminhões e está confiante em alavancar estatísticas.
Bicampeão em 2005 e 2006, ele terminou em segundo lugar nos três anos seguintes. Em 2009, na liderança do último dia de percurso e com 14 minutos de vantagem sobre o segundo colocado, um pneu estourado colocou fim ao sonho do tricampeonato. "A falha técnica que custou o título foi difícil de ser esquecida. Um furo (no pneu) foi mais audaz que todo nosso cronograma", afirmou o piloto.
Passado o trauma - e a falta de sorte - neste ano a principal preocupação foi justamente reforçar aspectos de planejamento e apoio para finalmente voltar a ocupar o primeiro lugar do pódio.
"Conseguimos estruturar todos os elementos técnicos com mais eficiência. Este trabalho preventivo é essencial para que tudo corra bem. Não aguento mais essa história de terminar em segundo lugar", brincou o piloto.
O percurso desta edição começa em Goiânia, amanhã. Passa por Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Piauí e termina em Fortaleza (dia 20). A prova terá o recorde de 52,7% dos trechos cronometrados. O trajeto total da competição é de 4.486 quilômetros, com roteiro semelhante ao da edição de 2004, mas as surpresas do trajeto irregular certamente estarão renovadas.
"Cerca de 95% do caminho será inédito. Conheço algumas cidades e vilarejos que passaremos. Já sei que os dois primeiros dias serão disputados totalmente na areia. E o bom aproveitamento neste terreno vai ser providencial para nossa estratégia", explicou.
Barrasa competirá novamente com um caminhão Ford F-4000 na categoria leve (até 3.800kg).
A seu lado no bólido, estarão o navegador Rafael Bettoni e o segundo piloto/mecânico Marcos Macedo. O piloto reitera que adotar qualquer filosofia do tudo ou nada nem sempre é bom caminho. "Vale a velha receita de manter a constância diária e andar sem sacrifícios. Quem souber aproveitar melhor o planejamento e não perder a cabeça nos dias sem manutenção (quando os mecânicos não podem consertar os veículos), volta pra casa com o título", afirmou Barrasa.
Lenilton Araújo pronto para faturar título inédito nas motos
Além de estratégia bem montada, os atributos físicos são exigidos o tempo todo entre as motos. E o Grande ABC vai ser representado pelo piloto Lenilton Araújo (equipe Off-Rush), de São Caetano, na categoria Super Production Aberta, que cravará a oitava participação na prova. Araújo foi vice-campeão em 2006.
"Depois de tantos dias difíceis, a mente volta oxigenada, mas o corpo moído. Claro que todos vão para ganhar. Mas no fim, o que vale mesmo é terminar a prova", brincou.
O piloto categorizou o trajeto da vez como "tecnicamente mais difícil". O desenho aponta maior número de etapas curtas em terrenos irregulares. "Isso exige planilhagem apurada, o que na prática não dá para seguir totalmente a risca. Quem souber improvisar bem, leva a melhor", explicou.
Araújo lidera o Campeonato Brasileiro de Rali Baja. Ele também engrossou o coro de grande parte dos pilotos ao destacar a estrutura de equipe detalhada como diferencial para o sucesso em competições como o Sertões. "Vitória tem de ser sinônimo de profissionalismo. Quem pensa mais, sofre menos".
Médico da região integra grupo de socorro 
Das loucuras da selva de pedra para as entranhas do sertão brasileiro, a ideologia não muda na rotina de quem tem a salvação por obrigação. E o médico socorrista William Reinberg Silva, 37 anos, do Grau (Grupo de Resgate e Atendimento de Urgência), de São Caetano, está pronto para sair da habitualidade urbana e encarar o desafio dos socorristas no Rali dos Sertões.
A dificuldade tradicional do percurso e o índice elevado de acidentes serão novamente a constante. "O limite será testado sem trégua, e não só de quem compete. A equipe do primeiro atendimento tem de estar preparada para tudo. E nem sempre é fácil lidar com surpresas", disse Silva.
Toda logísitica para o evento será definida apenas na véspera. Mas pelas experiências da cidade, William sabe bem o que terá pela frente. "Motos e quadriciclos certamente serão o maior problema. As fraturas mais sérias são causadas pela desaceleração brusca. E quando o terreno é irregular, complica bem mais."
fonte: 

Fernando Cappelli
Do Diário do Grande ABC


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