Antonio Rogério Cazzali
Do Diário do Grande ABC
Começou ontem a corrida formal para a criação do polo tecnológico do Grande ABC, com a definição do GT (Grupo de Trabalho), em evento realizado na Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, em Santo André, com a presença do secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, de seis prefeitos da região - São Bernardo foi representada por Jefferson José da Conceição, seu secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo - além de reitores de várias universidades locais e de empresários.
A iniciativa visa estimular a pesquisa tecnológica conjunta em setores em que o Grande ABC demonstre vocação, a exemplo do metal mecânico, de plástico, petroquímico, cosméticos, moveleiros, além de outros que tendem a se expandir localmente como o de tecnologia da informação e biotecnologia.
Como revelou Alckmin, o próximo passo será definir uma área de no mínimo 200 mil m² a fim de dar constituição física ao projeto. "Tudo dependerá do que nos for apresentado. Se já existir o prédio, os investimentos diminuirão. Se tivermos somente o terreno, os custos subirão um pouco mais."
Apesar da coesão de propósitos, a disputa pela sede já divide opiniões. O prefeito de Santo André, Aidan Ravin, disse que o município tem grandes áreas particulares, que poderão ser compradas pelo município e cedidas ao Polo.
O prefeito de Diadema, Mario Reali, aposta na criação de vários espaços físicos menores na região. Ribeirão Pires, contudo, com diversas áreas de mananciais e restrições para a tividade industrial, prefere aguadar o desenrolar da história. "Pelo visto, Ribeirão Pires só vai desfrutar dos avanços gerados com a iniciativa", afirmou o prefeito Clóvis Volpi.
De acordo com o diretor-executivo do Consórcio, Fausto Cestari Filho, a região está atrasada alguns anos na elaboração do Polo em relação a São José dos Campos e São Carlos (ambas em São Paulo) e o Vale dos Sinos (RS). "Enquanto o parque industrial do Grande ABC fez sucesso e não sofreu crises, ficamos parados acreditando que esses bons ventos durariam para sempre. Foi um erro que tentamos remediar a partir de agora."
Segundo ele, nos próximos dias, o GT deverá assinar um protocolo que demonstrará os requisitos já cumpridos para a criação do polo. "A partir daí, teremos até dois anos para iniciar o projeto", explicou Cestari Filho.
Na quinta-feira, o grupo visita o Polo Tecnológico de São José dos Campos, que difere do do Grande ABC por tratar de um único tema, o aeronáutico. "O nosso terá um leque amplo de especialidades, com integração regional e não de uma única cidade", disse o diretor. No dia 20 de agosto o grupo visita o Polo do Rio Grande do Sul.
O prefeito Luiz Marinho esteve presente ao evento, mas deixou a Agência assim que Alckin chegou, alegando outros compromissos.
Neste mês, grupo da região conhecerá outros parques
"Os setores de comércio e serviços também se beneficiarão com o Polo Tecnológico", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema, Luis Paulo Bresciani, e também coordenador do Grupo de Trabalho do projeto. "A indústria forte impulsiona os outros setores."
Ele reforça que há diferenças entre parque e polo, sendo o primeiro caracterizado por um espaço físico mais centrado, enquanto que no segundo há pulverização das ações em uma área maior. "Nosso desafio é grande, pois são vários APLs (Arranjos Produtivos Locais) que estarão na pauta."
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o governo estadual ajudou na formação do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), que começou a ser formalizar em 2006, com R$ 5 milhões e tem investido mais R$ 12 milhões no Polo Paulista do Jaguaré.
"Não sei quanto será demandado pelo projeto do Grande ABC, mas é bom deixar claro que o SPTec (Sistema Paulista de Parques Tecnológicos) não é para consumir investimentos públicos, mas para atrair aprote privado", explicou Alckmin.
Sindicalismo busca sintonia com avanços tecnológicos
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, a ideia de se criar um polo tecnológico na região não é nova, mas agora dá ares de maturidade, longe de projetos voluptuosos do passado.
"Não foi somente a tecnologia para o setor industrial e a vontade política que cresceram nos últimos anos. O sindicalismo também melhorou, e hoje está muito mais voltado ao diálogo." De acordo com Nobre, a evolução sindical é peça importante na constituição de um polo tecnológico, que pede flexibilidade e inteligência.
Segundo o presidente, a própria redução de jornada, de 44 para 40 horas semanais, segue esse propósito de excelência nas atividades. "O trabalhadornão pode mais ficar dez anos sem estudar, como o fazia no passado. A evolução tecnológica requer trabalhadores que tenham tempo de se aprimorar. Assim, a redução da jornada vai colaborar para isso."
Como lembrou o diretor de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, "o ambiente está pronto para receber o polo tecnológico, do sindicalismo maduro às universidades parceiras."
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