20 de jun. de 2009

Shoppings direcionam aportes para os municípios menores

SÃO PAULO - Para ganhar capilaridade, as administradoras de shopping centers passaram a direcionar mais seus investimentos para as cidades com população média de 200 mil habitantes, especialmente no interior do País. Levantamento conduzido pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e pela firma de consultoria Deloitte aponta a que, dos 37 malls com inauguração prevista até ano que vem, 20 serão instalados em regiões interioranas. Especialistas ponderam que ao avançar para cidades menores, as empresas fazem investimentos menos volumosos, porém, com maior assertividade, pois fogem da canibalização do setor.

São 26 as unidades cuja inauguração está prevista para este ano, mas só seis abriram as portas no primeiro semestre. "As demais inaugurações deverão ocorrer pontualmente no decorrer dos próximos meses", acredita Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.

Devido a mais da metade dos empreendimentos em construção estar localizada em municípios com população média de 200 mil habitantes, o investimento de R$ 1 bilhão previsto para 2009 será inferior quando comparado ao do ano passado. A Alshop estima que ainda serão aportados R$ 750 milhões na indústria de shopping centers nos próximos meses, como saldo restante ao investimento global do setor.

Uma operadora que concentrará esforços neste mercado é a AD Shopping, que contratou uma pesquisa para mapear 20 oportunidades de negócios, principalmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pará. Segundo o diretor-geral Hélcio Povoa, a meta é converter pelo menos 30% dessas análises em projetos, ou seja, sete novos malls. "Percebemos essa possibilidade há três anos, mas agora estamos acelerando, com cinco projetos em andamento no interior paulista, em cidades como Pindamonhangaba e Botucatu", comenta Povoa. Ele lembra também a falta de espaço nas grandes cidades para a construção de shoppings, o alto custo dos terrenos e a alta concorrência como fatores de migração para essas localidades.

O executivo da AD Shopping destaca que nos cinco projetos serão desembolsados R$ 320 milhões, metade proveniente de capital próprio e o restante oriundo provavelmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Povoa compara que para a construção do Shopping Praça da Moça, em Diadema, região metropolitana de São Paulo, com 30 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), investiu R$ 160 milhões, enquanto o projeto de Pindamonhangaba, com 20 mil metros quadrados de ABL, consumirá perto de R$ 40 milhões.

A Região Norte tem sido outro alvo da companhia, que no último mês de março assumiu a gestão do Millennium Center, em Manaus (AM), atingindo 24 empreendimentos sob seu comando. Mas é na cidade de Santarém (PA), que será lançado em julho um projeto orçado em R$ 80 milhões. Sobre os resultados do primeiro semestre, Hélcio Povoa vê resultados até 7% maiores em relação aos do mesmo período de 2008.

Para Altair Rossato, líder da área de Varejo na Deloitte, as administradoras de shoppings pulverizam seu risco ao avançar em outras cidades, além de não canibalizar outros empreendimentos. "É importante avaliar o potencial econômico no entorno da região em que se vai investir."

Regionalização

Outra empresa que também mira na regionalização é a Aliansce Shoppings Centers, que segundo fontes do mercado, negocia a venda da participação da sócia norte-americana General Growth Properties (GGP) à BR Malls. Segundo Ricardo Visco, diretor regional da empresa, oito de seus 18 shoppings em funcionamento estão localizados no interior dos estados.

Visco diz que outros um mall está na fase de projeto, o Boulevard Shopping Campos (RJ) e outro deverá ser inaugurado nos próximos meses, o Boulevard Shopping Belém (PA). Os valores dos investimentos não são revelados, mas ao longo dos próximos cinco anos a Aliansce aplicará R$ 500 milhões na construção e modernização de empreendimentos no Rio de Janeiro, atualmente, seu principal mercado.

"Existem capitais preparadas para receber novos shoppings, mas não podemos perder de vista as cidades do interior, também muito importantes para o desenvolvimento do varejo", pontua o diretor regional. O executivo relata ainda que nenhum projeto foi abortado em consequência da crise financeira.

Alexandre Melo - DCI

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