2 de jul. de 2010

Investir na baixa, para se dar bem na alta

Em setembro de 2008, no auge da crise econômica mundial, o empresário George Kovari, dono da incorporadora GMK, de São Paulo, estava às voltas com uma decisão delicada: exercer ou não a opção de compra de uma área de 8,3 mil metros quadrados localizada em Piraporinha, bairro de Diadema, no ABC paulista, avaliada em cerca de R$ 10 milhões. "Naquele momento, estava todo mundo retraído, assustado por não saber para onde ia a economia", lembra Kovari. "Resolvi correr o risco, pois acreditava que em algum momento a situação iria melhorar."

Ao investir na baixa, Kovari se deu bem na alta. Um ano e meio depois, no início de março, com a economia brasileira superaquecida, a GMK lançou naquele terreno o projeto Panorama, formado por três torres de 27 andares e 656 apartamentos. Destinado ao que se poderia chamar de estrato superior da classe média emergente - consumidores com renda familiar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil -, o Panorama oferece atrações como piscinas, quadras esportivas, lan houses, fitness e sauna, que não são costumeiramente encontrados em empreendimentos do gênero. "É uma prova de que se pode fazer um projeto diferenciado com segurança e inovador para essa faixa da população", diz André Kovari, diretor de operações da GMK e filho de George.

Detalhe: o Panorama passou ao largo do programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo federal em 2009. Em vez dos recursos da Caixa Econômica Federal, a GMK contou com financiamento da Brazilian Mortgages, que tem o bilionário americano Sam Zell entre seus acionistas. Especializado na incorporação de prédios comerciais e residenciais de alto padrão, Kovari fez sua primeira incursão no segmento de renda intermediária com o Panorama."Mas não abrimos mão da qualidade dos projetos anteriores da GMK", diz.

Húngaro de nascimento, desde os oito anos de idade no Brasil, Kovari começou a vida vendendo livros porta a porta. Depois de graduar-se em administração pelo Mackenzie, investiu em vários negócios diferentes. O mais vistoso deles foi a Microdigital, que ao tempo da reserva de mercado chegou a se transformar na maior fabricante nacional de computadores pessoais. "Mesmo nessa época, eu já participava de incorporações", diz Kovari.

Uma das especialidades de Kovari sempre foi articular a compra de terrenos pensando em projetos a longo prazo. Atualmente, a GMK controla um banco de terrenos que pode gerar vendas em torno de R$ 1,5 bilhão. Isso inclui áreas para novas construções nos próximos dois anos em Diadema, Jundiaí, Campinas e São José dos Campos, cidades situadas num raio de 100 quilômetros de São Paulo. Em São José, por sinal, a GMK vai desenvolver seu projeto mais ambicioso, um condomínio com shopping center e edifícios comerciais e residenciais, construídos numa área de 500 mil metros quadrados. "Como somos uma empresa enxuta, preferimos nos concentrar em mercados próximos à nossa sede, para poder administrar melhor o negócio", diz Kovari.

fonte: Clayton Netz - O Estado de S.Paulo

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