7 de dez. de 2009

Para Mário Reali, educação é questão central da administração

Diadema completa 50 anos nesta terça-feira (08/12). Para o prefeito Mário Reali (PT) o presente que a cidade necessita é o investimento constante na área da educação. Segundo ele, o objetivo é proporcionar um ensino adequado, além de dar a oportunidade da qualificação profissional. Com isso, o petista espera que os munícipes ocupem 100% da oferta de trabalho local. Reali também foca o engajamento em temas como o pré-sal e a inauguração do trecho sul do Rodoanel para alavancar outras vocações na cidade.

Em entrevista exclusiva ao Repórter Diário, o chefe do Executivo abordou diversos pontos, entre eles, as políticas voltadas à segurança. Nos últimos anos, a cidade se consolidou como um laboratório bem-sucedido de políticas públicas, principalmente no combate à violência. Um conjunto de ações, como o fechamento de bares às 23h, a mediação de conflitos e uma série de programas sociais, como o Mulheres da Paz, protagonizada por 300 mulheres capacitadas pela prefeitura, fizeram com que a cidade deixasse o ranking dos 10 municípios mais violentos do Brasil. O auge da violência na cidade foi registrado em 1999, quando o número de homicídios em Diadema chegou a 111,62 para cada grupo de 100 mil habitantes. A taxa foi decaindo gradativamente ao longo dos anos e Diadema encerrou 2008 (último balanço consolidado) com a média de 21,19 assassinatos para cada 100 mil moradores, uma redução de 81% no número.

Repórter Diário: Qual análise que o senhor faz dos 11 meses de mandato?
Mário Reali: A gente viveu, depois de outubro do ano passado, uma tensão devido à crise econômica. Todas as ações tomadas foram muito positivas porque a gente passou com uma perspectiva de superação. Conseguimos retomar o crescimento da economia e da geração de emprego nesse fim de ano. Foi um ano difícil, mas a gente sai com uma perspectiva otimista. Diadema fez a lição nos últimos anos com a queda nos índices de homicídio. A continuidade do governo Fillippi foi muito positiva neste sentido. Possibilitou a vinda de grandes comércios, principalmente, a vinda do shopping. Diadema foi citada até por mídias internacionais como exemplo de políticas públicas com o crescimento e a repartição da renda.

RD: Qual o maior presente que a cidade poderia receber?
Reali: A questão central é a educação. A perspectiva dos diademenses disputarem os melhores empregos da cidade é o grande investimento. A curto prazo é o que nós temos feito com o Centro Público de Emprego e Renda, oferecendo as vagas geradas na cidade para quem está no município. Diadema não é uma ilha, mas quanto mais as pessoas da cidade trabalharem aqui, melhor. Até o mês passado, 76% das vagas oferecidas foram atendidas pela população de Diadema. Mas nosso desafio é grande. O setor de serviços e comércio, que está ampliando a oferta de vagas, tem exigências de qualificação que a gente precisa investir na melhoria do nível de escolaridade e na qualificação profissional.

RD: Como Diadema pode se beneficiar com os investimentos no pré-sal e a inauguração do trecho sul do Rodoanel?
Reali: Reforça e amplia as vocações da cidade. Nós já tivemos a instalação de uma empresa de logística. Essa localização privilegiada e o principal eixo de acesso a Imigrantes e a chegada do Rodoanel, pela própria Imigrantes, é uma perspectiva positiva. Sobre o pré-sal, até nós discutimos no encontro nacional dos prefeitos, vai ter um impacto importante na economia. Nós já temos no pólo petroquímico a ampliação do fornecimento de matéria prima e temos, com isso, uma cadeia secundária e terciária importante. O pré-sal vindo ao ABC, nós teremos que ampliar outras cadeias, pois o Capuava já foi discutido a ampliação. Para explorar o pré-sal, nós vamos precisar ampliar plataforma de petróleo. O setor metalúrgico-mecânico no ABC poderá ser diversificado para não depender só das montadoras. O objetivo é fornecer para a indústria naval, indústria das plataformas, além da implantação dos dutos da Petrobrás.

RD: Os precatórios marcaram esse primeiro ano de mandato.
Reali: Nós tivemos mais de R$ 30 milhões em sequestros judiciais. Isso provocou e vai provocar um impacto muito grande nas finanças do município. O processo de cicatrização exige um esforço importante do ponto de vista do controle das verbas. Nós tivemos uma vitória importante no Congresso. Agora, teremos 90 dias para começar a valer o regime especial criado pela emenda. A correção que eu tenho calculada já atinge os R$ 200 milhões. Pela regra nova, teremos o comprometimento de 1,5% da receita corrente líquida. A gente já trabalha com essa perspectiva. Mas ainda teremos janeiro, fevereiro e março para continuar nossas ações e até recorrer ao STJ, sempre fazendo a gestão jurídica do problema.

RD: A PEC vai beneficiar diretamente a cidade.
Reali: Você tem um limite de um percentual do orçamento. Se o administrador não honrar o compromisso naquele ano, o TJ vai sequestrar aquele percentual. Isso é uma garantia ao credor. 50% do pagamento é feito respeitando a ordem cronológica e os outros 50% podem ser pagos da ordem do menor para o maior valor ou pela Câmara de conciliação ou leilão público. Nós vamos ter de janeiro a março, o planejamento para a sistematização de tudo isso.

RD: Os sequestros ainda poderão ser reavaliados pela Justiça?
Reali: Dos mais de R$ 30 milhões sequestrados, nós vamos entrar no mérito da atualização financeira e tentar reverter. Os recursos saíram dos cofres públicos, mas não foram repassados aos credores. Nós estamos tentando negociar através da Câmara de Conciliação do Tribunal de Justiça e efetivar acordos para que o montante diminua. Mas até março teremos a possibilidade de novos sequestros.

RD: Ao longo do ano, o senhor enfrentou casos inusitados de repercussão como o Incendio, a gripe suína e os próprios precatórios. Tudo isso no primeiro ano o credencia a dizer que já está preparado para tudo?
Reali: Foi um ano difícil. A gente conseguiu enfrentar tudo muito bem. Todas as vítimas do incêndio foram atendidas. Conseguimos superar a questão da gripe. Conseguimos vitórias como o credenciamento de mais equipamentos. Já assinamos o saneamento para todos -R$ 23 milhões para a drenagem. Já assinamos também mais R$ 28 milhões para moradia. São conquistas importantes.

fonte: Leandro Amaral - REPÓRTER DIÁRIO

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