Mercado consumidor de 1,35 bilhão de pessoas e com o segundo maior PIB (Produto Interno Bruto) mundial, com US$ 8,9 trilhões, e o maior crescimento econômico em 2013 – com alta de 7,8% em relação ao ano anterior –, a China atrai empresas do Grande ABC interessadas em negociar com o país, o segundo maior importador do mundo.
Hoje, no entanto, há muito mais produtos vindos do país asiático do que o inverso. De acordo com números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o desembarque de itens chineses no Grande ABC cresceu 12% em 2013, enquanto os embarques de produtos dos sete municípios para o chamado Império do Meio recuaram 23% ante 2012. As importações de lá, no ano passado, superaram as exportações para esse mercado em US$ 421 milhões. Apesar de a região ter registrado resultado desfavorável, a China desperta o fascínio dos empresários e de entidades regionais.
Nessa semana, dois eventos procuraram mostrar esse potencial de negócios. Um deles, promovido pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, foi curso de um dia para empresários daqui conhecerem oportunidades chinesas. Segundo o presidente da agência, Rafael Marques, a intenção é estabelecer estratégia para impulsionar a internacionalização, focando na segunda maior economia do mundo. A entidade planeja missão a polos chineses e vai propor ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC instrumentos de aproximação, como o irmanamento de cidades. Para ele, as companhias, de forma articulada e coletivamente, podem ampliar a participação naquele mercado.
Tudo isso é possível, porém, não será fácil, dizem especialistas. Vladimir Milton Pomar, diretor de negócios da BWP, empresa especializada em China, afirma que o Grande ABC, que tem como forte hoje a cadeia automotiva, vai precisar se reinventar. Ele considera que tecnologias ligadas ao meio-ambiente (por exemplo, filtros e técnicas sustentáveis como reuso de água), à área química e à produção do etanol têm boas possibilidades lá. Ele cita, ainda, que problemas, como a desertificação em grandes áreas daquele país, trazem espaço para a exportação de alimentos. Produtos alimentícios e matéria-prima são o alvo do interesse de compras chinês, concorda a executiva sênior encarregada da operação do The Asia-Pacific Institute of Business, Wendy Lai, que ministrou palestra na Strong-FGV, em Santo André.
Entre empresários e executivos da região, Marcelo Alves, diretor da ferramentaria Usimarc, de Santo André, afirma que tem interesse em fazer parceria com os asiáticos. “Hoje eles são concorrentes. Mas, queremos conhecer para derrotá-los ou nos aliar a eles”, afirmou. Paulo Milatias, diretor indústria de móveis Licital, de Santo André, atualmente traz de lá cadeiras de escritório, a partir de contato feito em 2013 em feira na região chinesa de Cantão. “A ideia é agora trazer componentes, vamos lá de novo em março”, disse. Luis Renosto, assistente da indústria Torcisão (de equipamentos para construção civil), de Diadema, diz que há interesse tanto em importar itens quanto em exportar para lá. “Mas, hoje, não temos preço para competir com eles”, ressalta.
Atualmente, as companhias chinesas têm vantagens competitivas, por causa de estrutura de custos reduzidos (baixos impostos sobre a produção, mão de obra barata etc). “A não ser que seja matéria-prima ou produto diferenciado, por enquanto é difícil exportar para lá”, afirmou o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato. E o diretor da regional de Diadema, Donizete Duarte da Silva, observa que, enquanto não houver mudança no perfil dos negócios brasileiros, para focar em itens que agreguem alta tecnologia, haverá dificuldade em concorrer com os asiáticos.
fonte: Leone Farias - Diário do Grande ABC
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