Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
Com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos e também para a linha branca e materiais de construção, imaginava-se que, se por um lado o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) fosse reduzido - já que é composto pelo recolhimento do IPI e do IR (Imposto de Renda) -, o do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aumentasse por conta de um crescimento das vendas. No entanto, no Grande ABC, esta receita vem diminuindo.
Diadema já acendeu o sinal amarelo. E como providências para suprir o déficit que o ICMS está deixando - já que o imposto é responsável por 36% da receita corrente - o município coloca em prática um plano de contingência.
A exemplo de São Caetano - que adotará medida semelhante ainda neste mês -, até o final do ano Diadema deve aderir à Nota Fiscal Eletrônica para reduzir a sonegação do ISS (Imposto Sobre Serviços), que responde por 8% da receita.
"A ideia é elevar a contribuição dos tributos municipais, que respondem por 28% da receita, para pelo menos manter o orçamento. Estamos fazendo uma campanha presencial e ligando para a casa das pessoas para que elas se conscientizem da importância do pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano, 17% da receita)", disse a secretária de Finanças, Adelaide Maia de Moraes.
Outra medida que está sendo estudada, segundo a secretária, é a modificação da legislação vigente para que a dívida ativa - 2% da receita - possa ser parcelada em mais vezes e, assim, o contribuinte inadimplente possa quitar seu débito.
O montante proveniente dos impostos que Diadema recebe teve uma retração de R$ 5 milhões no primeiro quadrimestre deste ano, se comparado aos primeiros quatro meses de 2008, quando alcançou R$ 184 milhões. Somente o FPM - 6% da receita - recuou R$ 900 mil.
Embora tenha registrado leve alta de 0,23%, o ICMS repassado demonstra, a princípio, um empate com o resultado do ano passado. "Pelo histórico, os repasses do ICMS seriam maiores. Embora haja a política de incentivo do IPI, a existência de estoques e fatores sazonais podem ter refletido na arrecadação do tributo", explicou.
No entanto, a perspectiva de repasse para este mês é de no máximo R$ 16 milhões - incluindo o que será destinado ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) -, sendo que em maio do ano passado o valor alcançou R$ 17,9 milhões.
Para Adelaide, somente mais para frente será possível saber o que é efeito da crise e o que não é. "De qualquer maneira, já estamos em alerta", avisou.
As outras seis secretarias de finanças foram procuradas pela reportagem do Diário, mas não atenderam à solicitação.
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11 de mai. de 2009
Cooperativas são alternativa à falência
crise econômica mundial assombra as receitas líquidas de grande parte das empresas. Há quem diga que o mercado já apresenta sinais de recuperação, mas a atual restrição de compras faz com que muitas companhias beirem a falência. Como alternativa a concordata, grandes empresas optam pela reestruturação e deixam os trabalhadores no comando.
Exemplo da concepção acontece nos Estados Unidos. Enfrentando problemas financeiros, a montadora Chrysler pode transferir 55% das ações para os trabalhadores. Além disso, a italiana Fiat ficaria com 35%, enquanto o governo dos Estados Unidos e os credores da companhia teriam, juntos, os 10% restantes.
Enquanto no Exterior a transação ainda é hipótese, o Grande ABC concentra exemplos de sucesso de ações do tipo. Há nove anos, a Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia), em Diadema, tem uma trajetória de sucesso com trabalhadores no comando.
Depois de se consolidar no mercado, a empresa fundada em São Paulo em 1954, foi transferida para Diadema em 1968, para um parque industrial no ramo de forjaria, laminação e tratamento térmico.
"Com o afastamento do fundador, as dificuldades tomaram conta da empresa, que declarou falência em 1999", explicou o atual presidente da cooperativa, João Luis Trofino.
Por iniciativa de técnicos e funcionários foram criadas quatro cooperativas de produção industrial no interior do seu parque fabril, concebidas como unidades de negócios autônomas.
"Em 2000 fundamos a cooperativa e hoje temos 546 trabalhadores, sendo 321 cooperados", enfatizou o presidente.
Em 2008, a empresa produziu 75 mil toneladas de produtos e a receita foi de R$ 244 milhões. "Já passamos por muitos altos e baixos, mas a união sempre prevaleceu. Com a crise econômica nossa produção caiu 50%, mas acreditamos na retomada do mercado", declarou Trofino.
Em Santo André, a Stilus Coop, que confecciona uniformes, roupas e acessórios, começa trilhar sua história. Fundada em dezembro de 2007, a empresa ainda conta com a ajuda da Prefeitura para ‘sobreviver''.
"Atualmente somos onze cooperadas e produzimos 4.000 peças por mês. Em seis meses precisamos nos manter sozinhas, pois acaba o convênio com a prefeitura", explicou a presidente da cooperativa, Sandra Aparecida Silvestre de Favari.
Em Diadema, a Cooperlimpa, empresa que atua reciclando materiais, está consolidada, porém, sofre com os reflexos da crise financeira. "Nossa arrecadação diminuiu nos últimos meses e essa situação deve durar ao menos seis meses", lamentou o presidente da entidade, José Lacerda Borges. "Mas acreditamos na união dos trabalhadores no comando para reverter a situação", finalizou.
No fim de abril, Diadema sediou o seminário de Formação para Gestores de Políticas Públicas em Economia Solidária, realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária. No evento, tratou-se sobre a modernização e incentivo às políticas de economia solidária.
"É importante destacar o reconhecimento de incentivos e a atenção que damos a esse tipo de economia, acreditando que este é o futuro da economia mundial", afirmou o prefeito de Diadema, Mario Reali.
Ao longo das discussões, gestores, jovens empreendedores e convidados especiais discorreram sobre a importância da economia solidária e seus próximos passos dentro do contexto mundial.
"Acredito que, assim como o muro de Berlim marcou uma nova forma de economia mundial que visava o poder do mercado, hoje vivemos a queda do muro da Wall Street, e isso significa que o governo deve se organizar para aguentar a crise, e segurar o mercado da melhor forma possível", acrescentou o prefeito.
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
Exemplo da concepção acontece nos Estados Unidos. Enfrentando problemas financeiros, a montadora Chrysler pode transferir 55% das ações para os trabalhadores. Além disso, a italiana Fiat ficaria com 35%, enquanto o governo dos Estados Unidos e os credores da companhia teriam, juntos, os 10% restantes.
Enquanto no Exterior a transação ainda é hipótese, o Grande ABC concentra exemplos de sucesso de ações do tipo. Há nove anos, a Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia), em Diadema, tem uma trajetória de sucesso com trabalhadores no comando.
Depois de se consolidar no mercado, a empresa fundada em São Paulo em 1954, foi transferida para Diadema em 1968, para um parque industrial no ramo de forjaria, laminação e tratamento térmico.
"Com o afastamento do fundador, as dificuldades tomaram conta da empresa, que declarou falência em 1999", explicou o atual presidente da cooperativa, João Luis Trofino.
Por iniciativa de técnicos e funcionários foram criadas quatro cooperativas de produção industrial no interior do seu parque fabril, concebidas como unidades de negócios autônomas.
"Em 2000 fundamos a cooperativa e hoje temos 546 trabalhadores, sendo 321 cooperados", enfatizou o presidente.
Em 2008, a empresa produziu 75 mil toneladas de produtos e a receita foi de R$ 244 milhões. "Já passamos por muitos altos e baixos, mas a união sempre prevaleceu. Com a crise econômica nossa produção caiu 50%, mas acreditamos na retomada do mercado", declarou Trofino.
Em Santo André, a Stilus Coop, que confecciona uniformes, roupas e acessórios, começa trilhar sua história. Fundada em dezembro de 2007, a empresa ainda conta com a ajuda da Prefeitura para ‘sobreviver''.
"Atualmente somos onze cooperadas e produzimos 4.000 peças por mês. Em seis meses precisamos nos manter sozinhas, pois acaba o convênio com a prefeitura", explicou a presidente da cooperativa, Sandra Aparecida Silvestre de Favari.
Em Diadema, a Cooperlimpa, empresa que atua reciclando materiais, está consolidada, porém, sofre com os reflexos da crise financeira. "Nossa arrecadação diminuiu nos últimos meses e essa situação deve durar ao menos seis meses", lamentou o presidente da entidade, José Lacerda Borges. "Mas acreditamos na união dos trabalhadores no comando para reverter a situação", finalizou.
No fim de abril, Diadema sediou o seminário de Formação para Gestores de Políticas Públicas em Economia Solidária, realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária. No evento, tratou-se sobre a modernização e incentivo às políticas de economia solidária.
"É importante destacar o reconhecimento de incentivos e a atenção que damos a esse tipo de economia, acreditando que este é o futuro da economia mundial", afirmou o prefeito de Diadema, Mario Reali.
Ao longo das discussões, gestores, jovens empreendedores e convidados especiais discorreram sobre a importância da economia solidária e seus próximos passos dentro do contexto mundial.
"Acredito que, assim como o muro de Berlim marcou uma nova forma de economia mundial que visava o poder do mercado, hoje vivemos a queda do muro da Wall Street, e isso significa que o governo deve se organizar para aguentar a crise, e segurar o mercado da melhor forma possível", acrescentou o prefeito.
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC