25 de jul. de 2011

Mercado do petróleo dobrará em dois anos


Empresas da região ligadas à cadeia produtiva do petróleo e gás projetam que o mercado deve acelerar no segundo semestre e dobrar de tamanho nos próximos dois anos, com a exploração do pré-sal. Outro fator para o esperado impulso é a aprovação do plano de investimentos da estatal, que já era aguardado há alguns dias e que foi divulgado na sexta-feira.
Depois de uma queda de braço entre o governo e a Petrobras, no primeiro semestre, em relação aos aportes da estatal para o período de 2011 a 2015, o que causou vários adiamentos na divulgação do plano de investimentos, finalmente, a companhia divulgou que vai investir US$ 224,7 bilhões nesses cinco anos.
Apesar de ser menos do que a petrolífera pretendia - a intenção era chegar aos US$ 250 bilhões - e ser apenas 0,3% mais do que o último plano quinquenal, anunciado em 2010, ainda assim, os valores continuam gigantescos. Além disso, a liberação do plano deve ajudar a destravar projetos.
Esse mercado já vem em forte evolução nos últimos anos. A multinacional alemã Lewa, que tem fábrica em Diadema desde 1997, por exemplo, conseguiu multiplicar por sete o faturamento nos últimos sete anos no Brasil. A empresa entregou no início do mês para a estatal bombas de segurança para o primeiro sistema de separação água-óleo de águas profundas do mundo.
O diretor geral, Rogério Cid, assinala que, na área de refino, os investimentos da Petrobras deram uma estagnada neste ano, mas na área de exploração e produção, a estatal está com projetos ambiciosos - o plano nessa área cresceu de US$ 118,8 bilhões para US$ 127,5 bilhões até 2015. E a Lewa está presente com seus produtos em praticamente todas as plataformas da Petrobras. As bombas da empresa são importadas, mas os sistemas são montados no Brasil e recebem tubos, válvulas, medidores e transmissão, que são fornecidos localmente.
A Valtek, que faz válvulas de controle de alta pressão, também estima aumento da demanda no segundo semestre. A fabricante, também localizada em Diadema, teve crescimento de 40% em 2010 e vinha com resultados estáveis no primeiro semestre. "Agora os investimentos deram uma reagida e, a partir de agosto, seremos mais demandados", diz o diretor, Jorge Iazigi.
Por sua vez, a Uniforja, que fica na mesma cidade, projeta crescimento de 15% na receita neste ano, sobretudo em razão do aumento das vendas no segundo semestre. A produtora de conexões tem contratos de manutenção em refinarias e participa de concorrências para fornecer seus itens para plataformas e navios.
FOMENTO - Prefeituras e entidades regionais do Grande ABC estão se mobilizando para ampliar o potencial de negócios do segmento com as empresas da região. Como parte de uma dessas iniciativas, haverá no dia 24 de agosto workshop sobre a cadeia de petróleo e gás, em São Bernardo, que terá a presença da diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster.
O evento é um dos três que será realizado no segundo semestre pela administração municipal em parceria com o Instituto de Tecnologia Aplicada a Energia e Sustentabilidade. O convênio com a instituição prevê ainda, para abril de 2012, a organização de feira setorial. Essas ações se destinam a auxiliar no cadastramento dos empresários como fornecedores da Petrobras e o estímulo para a ampliação e abertura de empreendimentos no segmento.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Jefferson da Conceição, a expectativa é enorme, por causa do volume de investimentos da estatal. Parte dos US$ 224 bilhões poderia vir para a região.
E o Consórcio Intermuncipal do Grande ABC realiza conversas com a estatal do petróleo para ampliar projetos da empresa de desenvolvimento da cadeia de fornecedores no Grande ABC, por meio da qualificação de fornecedores. EM
A prefeitura de Diadema, que em 2010 fez seminário sobre o segmento, também tem tem interesse no tema. Para a secretária de Desenvolvimento Econômico, Solange Ferrarezi, a forte base instalada da cidade na área metalmecânica e de logística, além da proximidade com a Baixada Santista, justificam o interesse de fomentar a atividade.
PESQUISAS - A FEI, de São Bernardo, apresentou na última semana em evento em São Paulo pesquisas científicas que envolvem o desenvolvimento de materiais para serem aplicados na indústria do pré-sal.
Foram estudos que avaliam aço inoxidável e o uso da liga de cobre, empregados recentemente em diversas áreas da indústria e que apresentam muita resistência mecânica e à corrosão.
Como a exploração de petróleo do pré-sal se dá em águas ultraprofundas, que podem exigir tubos contínuos de sete quilômetros de comprimento, a intenção é oferecer confiabilidade nos processos de solda, por exemplo, cita o chefe do Departamento de Engenharia de Materiais da FEI, Rodrigo Magnabosco.
Ele assinala que a linha de pesquisa tem dois objetivos: desenvolver materiais e também as competências dos profissionais que se formam na escola. "Nosso foco principal é o desenvolvimento humano, mas temos parcerias (cujos nomes não foram revelados) com fabricantes", diz.
Existe ainda negociações em andamento da prefeitura de São Bernardo para que as universidades da região - entre elas a FEI - apresentem à Agência Nacional do petróleo, projetos para bolsas de estudos e apoios para formação de laboratórios.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Jefferson da Conceição, outra possibilidade é participar do programa de formação de recursos humanos da Petrobras.
fonte: 

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC

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