4 de dez. de 2010

UNIFORJA CONSEGUE QUITAR TODAS AS DÍVIDAS TRABALHISTAS

Os metalúrgicos da falida Conforja, em Diadema, receberam integralmente seus direitos trabalhistas. O fato é raro no País em se tratando de uma empresa que quebrou. A categoria é testemunha de um sem número de empresas quebradas que deixou milhares de trabalhadores e trabalhadoras na mão.

O engenheiro João Luis Trofino, presidente da Uniforja, central administradora das três cooperativas que assumiram a Conforja há 12 anos, disse que o pagamento integral a todos era a meta inicial na formação das cooperativas. “Estamos fazendo história. A legislação não consegue fazer as empresas pagarem os trabalhadores. Nosso caso é um marco porque conseguiu honrar os direitos de todos”, comemorou.

Alívio – Para o dirigente, o pagamento tirou um grande peso em cima das costas e o estresse dos cooperados. “Tudo isso é novidade. Abre uma porta não só para a Uniforja, mas para todos os empreendimentos da economia solidária” previu.

Outra conquista, de acordo Trofino, é o fato do pagamento garantir ainda mais respeito e credibilidade à Uniforja. “Afinal partimos do zero e chegamos a um faturamento de R$ 250 milhões em 2008”, prosseguiu.

O pagamento inclui 600 trabalhadores e ex-trabalhadores. Destes, 100 são cooperados desde o início e continuam em atividade. A média salarial dos cooperados atinge os R$ 2,5 mil mensais. A Uniforja emprega ainda 170 metalúrgicos contratados.

Caso é raro no Brasil – O assessor Jurídico da Unisol, entidade que reúne empreendimentos da economia solidária, Marcelo Mauad, diz se tratar de um caso inédito no País. “Os trabalhadores não só receberam tudo como ainda são donos da fábrica”, comentou.

“É uma referência internacional, iniciativa de sucesso. Prova que os trabalhadores têm capacidade de administrar”, analisou Mauad.

Incentivo - Para o presidente da Unisol, Arildo Mota, a Uniforja incentiva outros empreendimentos. Ele informa que dos 800 empreendimentos filiados a Unisol, 25 são de fábricas em recuperação.

Como foi o processo - A Conforja era uma das maiores forjarias do Brasil e quebrou em 1997 por ineficiência do patrão. O comum seria os trabalhadores ficarem na mão. Mas a história tomou outro rumo.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC percebeu a oportunidade de mostrar ao mundo que os trabalhadores têm competência para gerir o próprio negócio e desde o início defendeu a formação da cooperativa. Parte dos trabalhadores assumiu a proposta e a fábrica foi arrendada por eles. Todo mês depositavam um dinheiro na Justiça pelo arrendamento.

Em 2003 compraram o parque fabril com um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O dinheiro também foi para a Justiça. Com esse bolo guardado foi paga a primeira parcela dos direitos, cerca de 70%. Ano passado, a Universidade Federal de São Paulo comprou o prédio da administração e um terreno de 45 mil metros onde ficava o antigo grêmio. Com o dinheiro, o restante dos direitos foram quitadas.


Tribuna Metalúrgica

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