21 de ago. de 2010

Dobram lançamentos em municípios vizinhos a São Paulo no semestre

O balanço dos lançamentos imobiliários na Grande São Paulo no primeiro semestre deste ano aponta para uma acentuação do deslocamento da população da capital para as cidades vizinhas. A participação do município de São Paulo nos lançamentos realizados entre janeiro e junho na região metropolitana caiu de 56,8% para 50,6% entre 2009 e 2010, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP).

Apenas nas 38 cidades adjacentes à capital paulista, como Diadema e Osasco, foram lançados 13,2 mil imóveis residenciais no primeiro semestre do ano. O número é mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, de 6,2 mil unidades. O volume de lançamentos na cidade de São Paulo também foi superior, porém, o ritmo foi menor _67% de alta no primeiro semestre de 2009, com 13,6 imóveis novos.
O movimento de migração da oferta de imóveis para municípios vizinhos a São Paulo é uma tendência e deve se acentuar, afirma o presidente do Secovi, João Crestana. “Esse movimento ocorre porque a cidade de São Paulo está repelindo projetos novos”, diz Crestana.
Os incorporadores têm sentido dificuldades em aprovar projetos de empreendimentos na cidade, de acordo com o sindicato. Os entraves são burocracia do procedimento, restrições ambientais e urbanísticas, além de escassez de terrenos.
Neste contexto, os municípios próximos são a alternativa encontrada. A maior oferta de terrenos e os preços mais baixos viabilizam os lançamentos, principalmente de imóveis de menor valor. Os empreendimentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida no Estado de São Paulo estão concentrados nestas cidades, informa o Secovi, que não dispõe de dados sobre a distribuição das unidades beneficiadas.
Mudanças na legislação urbana
Para o Secovi, o crescimento de São Paulo impõe a necessidade de revisar o Plano Diretor de São Paulo para permitir um maior adensamento. Estimativas do sindicato apontam para uma demanda por 35 mil novas unidades residenciais na cidade por ano. “Se não aprovarmos novos projetos, essas pessoas vão ter que morar em outros lugares e aumentar a distância que percorrem até o trabalho todos os dias”, afirma Crestana.
A solução apontada por ele é intensificar as discussões sobre urbanismo. “A migração vai se acentuar até que a sociedade se conscientize que urbanismo é assunto de boteco, cabeleireiro e intervalo de jogo de futebol”, afirma Crestana. “Nada vai mudar enquanto meia dúzia de gurus decidirem em uma sala fechada o plano diretor da cidade”, completa.
O presidente do Secovi ressalta que a migração para outros municípios é ainda maior do que a captada nos dados da pesquisa do sindicato. O motivo é que cidades como Santos, Jundiaí e Sorocaba, próximas a capital, não estão incluídas no levantamento.
fonte: Marina Gazzoni -  iG São Paulo

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