23 de nov. de 2008

Diadema 49 anos - Esperança se renova no coração de Diadema


Foto: Gabriela Nunes/PMD

Vanda Dramu entrega arma durante lançamento da 2ª Campanha do Desarmamento

Por Silvia Lopes

“Quando o sol bater na janela do teu quarto
Lembra e vê que o caminho é um só.
Por que esperar se podemos começar tudo de novo
Agora mesmo
A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance
O Sol nasce pra todos
Só não sabe quem não quer.”


Estes versos da música “Quando o sol bater na janela do teu quarto”, de Renato Russo, combinam perfeitamente com o atual momento da vida de Diadema. A cidade acaba de aderir à 2ª Campanha Nacional de Desarmamento e as esperanças se renovam.

Com quatro filhos adolescentes e uma imensa vontade de participar do dia-a-dia da cidade, Vanda Edviges Dramu sabe da sua importância em ajudar a contribuir para uma cidade melhor, um mundo melhor. Foi por isso, que na cerimônia de adesão do município à Campanha, foi entregar uma espingarda na Guarda Civil Municipal, para ser inutilizada e, depois, entregue à Polícia Federal. Não precisou declarar a procedência da arma e ainda vai receber cerca de R$ 400, metade do tesouro municipal e metade da União. Vanda quer que seus filhos tenham uma vida segura e saudável.

Ela quer que outras mães e esposas não sofram como vítimas da violência. A dona-de-casa sabe que a cidade ficou conhecida como uma das mais violentas e que hoje é uma referência “para todo mundo como a que conseguiu mudar isso”. Vanda é uma amostra de outras mulheres de Diadema. Na primeira edição da Campanha do Desarmamento, que vigorou de 02 de junho de 2004 a 26 de outubro de 2005, Diadema foi a cidade do Grande ABC que mais recolheu armas de fogo: 1.600. Mais da metade foi entregue por mulheres. Negras, brancas, jovens, idosas, que chegaram aos postos de recolhimento de forma sigilosa ou declarada, com o consentimento ou não do companheiro.

Fica a dúvida: Seria por causa da indenização? Pode ser, isto nem importa, afinal as mães de família sabem que é o alimento que foi comprado com o dinheiro, na época pago apenas pela União, que garante a vida.



Nesta edição da Campanha, a Prefeitura está incentivando ainda mais a entrega de armamentos. Ela está pagando o mesmo valor que o Governo Federal destinar para cada arma, que vai de R$ 100 a R$ 300, conforme o calibre. Pessoas de outras cidades também podem aderir à Campanha em Diadema, mas a remuneração em dobro é só para moradores da cidade.



Só no primeiro dia de Campanha, quatro pessoas já demonstraram interesse na entrega. Para isso, irão até a Base da Guarda Civil Municipal de Diadema, à rua Marechal Deodoro, 260, no Parque dos Jesuítas, para pegar a Guia de Trânsito e poderem transportar sem incorrer no crime de porte ilegal de armas. Elas poderiam ter optado em ligar para o Disque-Desarmamento: 4053-7300 e guardas municipais iriam até sua residência para fazer o recolhimento.



"Diadema pode servir de exemplo para outros municípios brasileiros", disse Barreto

Para o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto, que compareceu à cerimônia, Diadema pode servir de exemplo para outros municípios brasileiros pelo incentivo em dobro à Campanha do Desarmamento e outras políticas desenvolvidas na área de segurança pública, como a valorização da Guarda Civil Municipal, a Lei de Fechamento de Bares e a criação do Centro Integrado de Videomonitoramento. Barreto considera que a questão do desarmamento precisa ter mais visibilidade na sociedade e que o Governo Federal está investindo nas cidades e estados em diversos mecanismos para garantir mais segurança para o cidadão.



A esperança se renova no coração diademense. A cidade já reduziu em quase 80% os homicídios, se compararmos o ano de 1999 que foi o mais violento da sua história e 2007. Foram 374 mortes em 1999 e 70 no ano passado. A redução das armas circulando no município com a primeira campanha também teve participação neste processo.



Integram estas estatísticas os dois filhos de Wilma Ferreira Nobre e Francisco de Assis Rodrigues: um de 14 e outro de 23. Ambos foram assassinados por armas de fogo por motivos fúteis. Dona Wilma mal consegue falar no assunto. “Coração de mãe, já viu... “ No entanto, seu Francisco garante: “Depois da Lei Seca a cidade melhorou muito. E agora, sou totalmente favorável ao desarmamento. Ninguém tem que ter arma em casa. Nem os bandidos. Quem não tem preparo para usar, corre risco”

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